terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Apenas uma simples história de cinema




Sinopse:

Os dois não se entendiam, não combinavam. Ela gostava de MPB, ele era pagodeiro; ela gostava de poesia, ele de assistir vídeos gasta tempo no youtube; ela gostava de ler, ele de ver TV; ela gostava de fazer um Jam no MAM, ele de ir à praia de Piatã. As discordâncias não paravam... E quando iam ao cinema parecia uma novela, ele gostava de filmes de luta, de guerra, já tinha visto todos os Rambos, exterminadores do futuro e do passado, máquinas mortíferas de todas as espécies, os mais sanguinários possíveis, quanto mais tiro mais emocionante. Ela gostava de comédia romântica, ele nem sabia direito o que isso queria dizer, um dia perguntou a ela que graça tinha aquilo, era como se fosse um palhaço apaixonado, só que isso não tinha graça nenhuma e daí não deveria se chamar comédia prefiro não comentar.

O acordo:

Então revezavam, cada dia que fossem ao cinema juntos, seguiria o gosto de um. No dia dele, ela fechava a cara e na cena em que ele mais abria os olhos, ela cobria, o beijava para fugir daquela carnificina em película e ele a beijava de olhos abertos para não perder um tiro que vinha em câmera lenta. Aquilo a irritava e ela virava a cara, ficava possessa da vida e pensava: “Trocada por um tiro”. Aquilo era uma ofensa gravíssima. E pensava um pouco mais: “Deixa ele, amanhã vou ao show dos Los Hermanos no TCA e se alguém vier me beijar eu vou fechar os olhos e abrir os braços” só pensava, e ficava retada até com os seus pensamentos, dizia que parecia aqueles filmes de tiro que o seu namorado assistia, onde todos atiravam no mocinho, balas de todos os lados e nenhuma o atingia. Surreal.

O acordo II:

No dia dela, ele já saía de casa todo armado e inchado feito um sapo, e na cena mais bonita, quando os dois finalmente se encontram, a mocinha e o ator principal, e a música aumenta, ele torce o bico e ela beija ele reparei uma coisa agora, ela também não fecha os olhos, não quer perder a cena, uma vingança involuntária. Aquilo o deixava irritado, possesso da vida, ele se sentia como aquele homem apaixonado do filme que não tinha nenhuma chance porque os olhos da mocinha só enxergam o ator principal.

O desacordo:

Certo dia quando foram ao cinema, estava em cartaz os dois filmes que os dois estavam esperando ansiosos a estreia. Era a vez dela. Ele tentou, tentou e tentou negociar, de pular a vez dela, ela estava irredutível, não aceitou de jeito nenhum, afinal, na outra ocasião em que isso aconteceu, ela já havia cedido, não seria justo, mas acontece que ele também não aceitou ir à sala dela.

A separação:

Cada um foi para a sua sala, assistir ao seu filme, o coração não entrou com eles, o dela ficou lá, o dele ficou cá... Na hora do tiro em câmera lenta, ele sentiu falta do beijo dela, fazia parte do filme aquela cena desesperadora. Na hora do encontro da mocinha e do ator principal, como ele dizia vou contar o porquê disso de uma vez, é que um dia, ele falou potragonista e ela riu muito da cara dele, nunca mais na vida ele falou ela sentiu falta do seu beijo de pirraça.

Voltando ao início:

E os dois fecharam os olhos e beijaram-se em pensamento e antes que os filmes acabassem, os dois saíram de suas respectivas salas o filme tinha perdido o gosto, a câmera lenta do filme ficou com um efeito especial fajuto e o beijo foi meia boca foram levados por um amor de cinema, em câmera lenta feito o tiro do filme dele e pulsando de amor como a cena do filme dela.

Aquele final já era previsto, mas foi bonito mesmo assim.


[Na volta para casa ele ouvia “rebolation” no carro e ela ria pra ele, cheia de amor no olhar. Estava com o fone nos ouvidos e escutava Caetano.]


Desculpem! Esta história não tem um fim.



O que importa se você é não
E eu sim,
Se sempre me dizes sim,
Se nunca te digo não?
O que importa se eu não gosto do seu gosto,
Se sem ti tudo é desgosto?
O que importa se sou sol
E você só sabe chover?
Se sem ti o sol não sai
E a chuva que não cai
Molha muito, muito mais



[Saudades de vocês, queridos! Desculpem a ausência, os dias ficaram mais curtos pra mim, mas aqui me sinto bem e sempre vou estar. Estarei no cantinho de vocês, fico bem por lá também. Beijos afetuosos]

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